Agarro nas minhas coisas e ponho-me de caminho à praia. O sol na cara e a brisa marinha dizem-me igualmente “bom dia”. Experimento um momento de felicidade simples, a liberdade de começar um dia de paz. Desligo o telemóvel e aí vou eu, arriba abaixo até à Praia do Amado.
Para lá chegar, cruzo a passadeira de madeira para admirar a vista, as ondas, os rochedos e a beleza Atlântica, desta que é uma das praias mais famosas de Portugal para a prática do Surf. Estou perto da Carrapateira, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Aqui a vegetação que circunda a praia é ainda bastante verde. A areia é grossa de cor caramelo claro. A maré baixa criou várias poças e lagunas de água na areia. O sol espelha-se nelas e cria um arraial de cores. Chego ao meu lugar escolhido. Já com a toalha estendida deixo o olhar perder-se no horizonte e ponho-me a seguir os movimentos dos surfistas que tentam dominar as ondas.
Uma rapariga jovem e um bebé sentam-se numa toalha ao meu lado. Ela vem com o cabelo enrolado em várias tranças louras e tem um pequenino piercing no nariz. Chama-se Petra. Num português arranhado, conta-me que está por ali a passar duas semanas. Ela, o marido e o filho alugaram um casinha na pitoresca aldeia da Bordeira, apenas a alguns minutos da Praia do Amado. Com o filho no colo, de vez em quando tira uma fotografia. Segue com os olhos ao marido que desafia as ondas e sorri com benevolência quando ele cai e volta a levantar-se. Petra e a família vivem na Alemanha, em Hamburgo, mas sempre que podem agarram no “pão de forma” e marcam rumo ao Algarve:”Quando érrramos só os dois dorrrrmíamos na Volkswagen, agorrrra com o bebé, preferrrimos ficar na Borrrdeira”. Fala uma perfeito português, para quem nunca viveu em Portugal.
Olho para o relógio, já passaram algumas horas desde que cheguei. O tempo esfumou-se num momento. É a magia do “dolce far niente”. Decido ir explorar os bares e as escolas de surf que enfeitam com bandeiras de cores a arriba. Um cheirinho a especiarias conduz-me até a uma esplanada. Estão a cozinhar uma panela enorme de caril de peixe para os alunos da escola. Abro o meu livro e acabo por passar o resto do dia aí, pés para cima, com o vento a limpar-me a alma, o tempo a transcorrer devagar.
Fiquei à espera do pôr-do-sol. E valeu a pena. Os jogos de cores, de luzes e sombras entre os rochedos, o mar e o areal valem todas as fotografias do mundo. E ainda assim, sustive a respiração e esqueci-me da câmara. Por momentos fechei o olhos e guardei aquele instante só para mim.
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