Vou revelar um segredo. Por vezes, vou jantar a um restaurante exótico para, por umas horas, evadir-me do meu quotidiano e simular uma viagem a lugares longínquos. Quando sinto a fragrância a erva-príncipe e a folha de limão-kaffir de uma sopa “Tom kha Gai” sou transportada, imediatamente, às minhas viagens pela Tailândia. Basta uma colherada desta aromática sopa para que as memórias da humidade do ambiente, o cheiro especial do país, o verde tropical intenso e o exotismo das gentes, pagodas e templos renasçam em mim como memórias vívidas. Quanto mais tradicional é a receita e mais frescos são os produtos e especiarias, mais vívido é esse efeito. É como uma cápsula de viagem no tempo e no espaço, através do paladar.
A fragrante sopa “Tom Kha Gai”
As receitas de Saengchan Dhatri, uma chef tailandesa pequenina e amável que cozinha iguarias exóticas no restaurante Thai Vilamoura, têm esse poder. Elas levam-nos, sem sair das nossas cadeiras de vime, de passeio virtual pelas regiões de selva, elefantes, jacarés e templos budistas de Chiang Mai e Chiang Rai, num barco pelo mercado flutuante de Bangkok, ou num refrescante mergulho pelas águas turquesa das praias de Koh Samui.
Dhatri cresceu numa aldeia da região de Phuket e aprendeu a cozinhar na melhor escola do mundo: a cozinha da sua mãe. No princípio, eram apenas receitas fáceis, mas depois, o nível de complexidade foi aumentando. O receituário tradicional tailandês prevê que cada prato apresente uma prodigiosa combinação dos cinco gostos humanos: o doce, o azedo, o amargo, o salgado e o umami. Os anos passaram e Dhatri foi trabalhar para um hotel, onde aperfeiçoou as técnicas e a forma de decoração dos pratos. Passados algum tempo, Dhatri veio trabalhar para a Europa e para nossa sorte, cozinha no “Thai Vilamoura” há já mais de 10 anos.
A Chef Saengchan Dhatri, na cozinha do Thai Vilamoura
O trabalho consolidado do “Thai Vilamoura”, vale-lhe a fama de melhor tailandês do Algarve, onde a tradição do antigo Reino de Siam se une ao uso de produtos frescos, especiarias exóticas traídas do outro lado do mundo e o malicioso picante do chili. O restaurante fica numa das movimentadas ruas de acesso à Marina. É quase impossível não ver os arcos decorados com imagens de alimentos exóticos e a escadaria iluminada em tons avermelhados que confere ao lugar um certo halo extravagante.
No interior, as paredes estão pintadas em tons quentes, os inúmeros candeeiros irradiam luzes intimistas e o uso de vimes, madeiras escuras e almofadas laranja transportam-nos a um ambiente exótico. Creio que este é o espaço ideal para desfrutar da diversidade e riqueza das receitas de Saengchan Dhatri durante grande parte do ano, mas no Verão, o “Thai Vilamoura” abraça a noite algarvia, abrindo portas a um agradável terraço.
O terraço do Thai Vilamoura, para desfrutar das noites agradáveis de Verão
Recentemente, fui jantar ao terraço do THAI VILAMOURA e deliciei-me com uma fragrante receita de caril vermelho apurado num voluptuoso molho de leite de coco e a dose certa de picante. Confesso. Eu sou uma amante incondicional de picante. Mas a culpa não é minha, sou vítima desses diabinhos, chamados chilis, que têm alto poder aditivo devido aos capsaicinóides, uns agentes químicos que provocam efeitos e sensações diferentes segundo a variedade das malaguetas.
Quando pensamos em comida picante, nem sempre nos lembramos do papel que as Descobertas tiveram na aproximação de produtos longínquos à nossa cozinha ou como influenciaram a cultura gastronómica de outros países. As diabólicas receitas elaboradas com chilis em países como a Tailândia, a China, o Vietname ou a Índia estão relacionadas com as expedições de Cristóvão Colombo às Américas. As caravelas ibéricas abriram caminho para novas rotas, incluindo o transporte das malaguetas de chilis, nativas da América do Sul até à Ásia.
Hoje, se perguntarmos a um tailandês pela origem dos chilis, muito provavelmente jurará, a pé juntos, que são nativos daquelas paragens. Por incrível que pareça, estamos perante os primeiros efeitos da globalização. E é que o gosto pela comida picante e o seu uso estão tão estendidos na Tailândia e na cultura asiática em geral, que se torna difícil recordar que a sua ascendência provém do outro lado do planeta. Aliás, o cultivo dos chilis na América Central é milenar, e recentemente, no Equador, encontraram-se chilis em fósseis com mais de 6.250 anos.
A curta presença portuguesa na Tailândia não conseguiu converter os tailandeses ao catolicismo, mas acabou por revolucionar a cozinha tailandesa. Sim, fomos nós que introduzimos os chilis, mas também algumas técnicas de cozinha como os fritos e os polmes. É muito interessante pegar hoje num menu de um restaurante tailandês e percorrer as especialidades à procura das históricas influências portuguesas.
Algumas entradas tailandesas: “Tom kha Gai” e “Phak Chup Paeng Tod”
A carta do THAI VILAMOURA inclui vários menus de degustação e especialidades diversas, mas as minhas escolhas recaem na famosa sopa “Tom kha Gai” elaborada com leite de coco, cogumelos, frango, aipo, ceboleta e um pot-pourri de especiarias como o gengibre, o galangal, erva príncipe, coentros ou manjericão, e as aditivas “Phak Chup Paeng Tod”, uma espécie de tempura de legumes e verduras envoltas num polme espesso de maisena crocante, servidas com molho agridoce e uma pasta de chilis.
A delicadeza das receitas de Saengchan Dhatri aprecia-se, não apenas na combinação de fragrâncias e sabores, mas também no especial cuidado na apresentação dos pratos. As cores são criteriosamente escolhidas, bem como a quantidade das porções, a disposição e ainda a decoração, efetuada com verduras e frutas minuciosamente esculpidas segundo o preceito do “carving”. Os pratos são para partilhar ao centro da mesa e servidos em bonitas travessas e taças de porcelana tailandesa.
Pratos principais exóticos, o robalo “Plad las Phrig” e o caril vermelho “Gaeng Daeng”
A refeição continuou com “Plad las Phrig” um robalo envolto em polme de maisena, salteado no wok com molho agridoce e adornado com um molho picante muito aromático. À continuação deliciámo-nos com um caril vermelho “Gaeng Daeng” com pimentos vermelhos, cenoura, abóbora, tomate cereja cebola e galinha. Como os níveis de tolerância ao picante variam de pessoa para pessoa, a cozinha do “Thai Vilamoura” preparou os pratos com o nível de picante desejado. Eu, a aventureira dos sabores, desafio a escala de scoville, mas o meu enteado que me acompanhou no jantar, preferiu um picante mais suave.
Arroz Doce tailandês com manga, uma delícia…
Para sobremesa escolhemos um clássico do receituário tailandês e que é a minha absoluta perdição. Sim, eu que não sou muito dada a sobremesas, derreto-me com o “arroz doce tailandês com manga”. O “Khao Neuce Mamuang” é uma composição de “sticky” rice, arroz doce cozido dentro da cana de açúcar, leite de coco, fatias de manga amadurecida e sementes de sésamo. Absolutamente divinal.
Para terminar a nossa viagem gastronómica pelos sabores intensos e desfrutar da agradável noite algarvia no terraço do “Thai Vilamoura”, pedimos um refrescante gin tónico. E estarão a pensar, o que é que o Gin tem a ver com a Tailândia? Aparentemente nada, mas sim, está relacionado com a rota dos chilis. Pedi o gin andaluz “Puerto de Las Índias”, tributo ao principal porto no Guadalquivir onde as tripulações de Cristóvão Colombo terão trazido os primeiros chilis nativos das Américas até à Europa.
Curiosidades históricas à parte, o THAI VILAMOURA conta com uma carta de cocktails e gins premium muito completa, que permite aliar o desfrute da boa gastronomia a uma bebida estimulante e refrescante… e quem é que diz que não a um gin tónico perfeitamente preparado, neste caso com morangos e água tónica “1724” , numa quente noite de Verão?
Aceite esta minha proposta e embarque numa viagem gastronómica ímpar visitando o THAI VILAMOURA. Creio que a Tailândia tem, neste restaurante, um excelente embaixador cultural, representante do seu serviço amável e um acervo dos sabores e das fragrâncias tropicais que entontecem os nossos sentidos…
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Para mais informação e reservas, por favor, consulte:
Thai Vilamoura
Página Web: https://www.facebook.com/thaivilamoura/
Telefone: (+351) 289 302 370
Endereço: Av. da Marina Loja 3, 8125 Vilamoura
Créditos Fotográficos: Algarvist e e Thai Vilamoura
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