Restaurante Ulia em Benidorm. Arrozes com tradição.

Se eu tivesse que recomendar apenas um restaurante em Benidorm, o Restaurante Ulia seria a minha eleição. Trata-se de um restaurante familiar, cujas panelas já conhecem a terceira geração da família Fuster. Pratica-se uma cozinha mediterrânica baseada nos arrozes e fideuás, mas a carta oferece bom peixe e carne maturada da Galiza.

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Arroz, sim. Paella, não.

Benidorm encontra-se na província de Alicante na comunidade de Valência. Nessa região espanhola produzem-se diversas variedade de arroz de grão curto, como o bomba, o baía, o calasparra ou o cullera. Devido à abundância deste cultivo é compreensível que um dos pratos estrela da gastronomia valenciana seja o arroz, conhecido, no mundo inteiro como paella. Porém, não é correto chamar paella à receita de arroz, a forma adequada é simplesmente “arroz” e é a sertã em que se cozinha que recebe o nome de paellera. A circulação errónea do nome paella acabou por acontecer num processo de estereotipização, durante a explosão do turismo de massas, quando os restaurantes precisaram posicionar os seu “arrozes” e diferenciá-los das receitas que os turistas conheciam do seus países de origem.

O receituário valenciano inclui vários tipos de arrozes, o arroz negro o arroz à banda com produtos variados do mar ou da terra, desde peixe, marisco, coelho, favas, ou uma mistura de tudo… Outra das especialidades é a fideuá, uma massinha curta com um buraquinho no meio também cozinhada na paellera. Quer os sabores dos arrozes como das fideuás podem ser potenciados se adicionar um pouco de ali-oli (maionese elaborada com alho e ovo) ao prato. Eu sei que parece estranho, mas experimente e deixe-se envolver pelos sabores típicos e autênticos do Mediterrâneo.

No Ulia de Dona Pilar Fuster há 50 paelleras em ferro, todas compradas na “Ferreteria La Palma”. A elaboração da (erroneamente conhecida por) paella baseia-se num caldo que é feito a diário, segundo a receita original da sua sogra “Pepita” Josefa Muñoz Fuster, mulher de armas tomar que fundou junto ao seu marido este restaurante. Outro dos segredos é a utilização de produtos de qualidade, frescos e produzidos localmente e uma variedade específica de açafrão em rama Elmiñarro.

As delícias da cozinha da família Fuster têm vindo a conquistar prémios e reconhecimentos ao longo das décadas – em 2011, receberam a Medalha de Ouro ao Mérito do Trabalho do Rei Don Carlos I. Pelas mesas do Ulia, já passaram vários monarcas, desportistas e famosos como Julio Iglesias ou o icónico cantor Rafael (uma espécie de Marco Paulo português), pois quando se realizava o aclamado Festival da Canção de Benidorm, todos os artistas tinham ali o seu ponto de encontro.

Os arrozes comem-se no Ulia com um garfo especial, um híbrido entre a colher e o garfo. A forma espanhola de comer um arroz é colocar a paellera no centro da mesa e comer diretamente da sertã. O arroz vem ligeiramente caramelizado no fundo, esta crosta socarrat é especialmente deliciosa. Laura García, de Visit Benidorm quem me acompanhou neste almoço, explicou-me que raspar o socarrat é um quase um vício para os Benidormenses.

O Restaurante Ulia fica na marginal da Praia do Poente (Playa del Poniente) e desfrutam-se dos bons arrozes com o olhar perdido no mar. Está decorado com gosto e no centro da sala, encontra-se uma curiosa escultura em madeira emoldurada por um jardim interior. Experimente acompanhar a refeição com um vinho tinto muito típico da região o Señorio de Benidorm. A garrafa tem cinzelado no vidro o skyline de Benidorm e o elixir é elaborado de forma ecológica utilizando uma grande percentagem de Monastrell, uma variedade de uva específica da região alicantina.

Restaurante Ulia

Direção: Av. Vicente Llorca Alós, 15, 03502 Benidorm.

Telefone: +34 965 85 68 28 Preço:$$$$$