Recentemente estive em Olhão, no Real Marina Hotel & Spa e aproveitei para voltar a descobrir a cidade. Guardo memórias longínquas, das ruas e das fachadas das casas, das ternas férias de Verão com os meus pais. Todos os anos, nem que fosse um dia, vínhamos passear a Olhão, à Ria e ao Mercado. Hoje, passadas várias décadas há um charme antigo nestas ruelas que me provoca um certo dejá vu. O que não existia na altura, ou pelo menos eu não me lembro, são as diversas obras de arte de rua a decorar os muros e as fachadas de casas e ruínas.
Provavelmente se, enquanto miúda, tivesse visto algumas destas performances artísticas, teria ficado encantada com os bonecos e as cores vivas. Hoje, com o olhar mais viajado e treinado, vejo mais do que isso. Não vejo graffitis ou bonecada pintada com spray, vejo arte. Arte urbana. Arte real para pessoas reais. Arte que entra em contato com o Outro, quase sem pedir licença e se instala nas nossas vidas, lembrando-nos, pelo menos, de que na nossa correria diária deveria haver tempo para parar e olhar “com olhos de ver” estas obras de arte.
A rua dos Graffitis em Olhão
Em Olhão encontramos, hoje, uma das melhores coleções de arte de rua contemporânea do Algarve. Os trabalhos estão concentrados na antiga Nacional que cruza um extremo da cidade e adquire o seu mais exponente, na pintura conjunta de um velha casa com uma torre. Quem conduz na antiga 125 a caminho de Tavira, fica impactado com esta “quase” igreja coberta a graffitis, com várias mensagens, várias linhas hip hop, várias abordagens, e no seu conjunto, uma rara beleza neo-expressionista que faria inveja a Basquiat.
Se gosta de de arte moderna, hip hop ou pop art, ou tem vontade de abrir os seus horizontes, aceite a minha sugestão e vá fazer um pequeno safari fotográfico pelos graffitis da cidade de Olhão. Chamo-lhe “safari” porque a atitude de quem observa é diferente do olhar quotidiano. Isto de sair pela cidade de telemóvel ou máquina fotográfica em punho é, já uma performance artística partilhada com os autores destas peças. Aqui ficam alguns dos que eu encontrei, mas existem muitos mais. Os principais artistas deste movimento chamam-se Dario Silva “Sen”, “Doctor”, “Homosapien” e “Bean”. Eles são os novos Michelangelo da Pós-Modernidade Olhanense..
Créditos Fotográficos: Algarvist
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